.

terça-feira, maio 09, 2006

A FRAGILIDADE DO HOMEN DIANTE DE SUA CONDIÇÃO DE “MODERNO”- Autora: Joana Senhorinha-Licenciada em História pela UFMT/CUR.

“A história é tanto um processo de esquecer como de aprender, e a memória é famosa por sua seletividade”.
Leif Lewin

Nascemos de formas iguais, em culturas diferentes, com pensamentos diferentes e diversos modos de viver...
O que o Autor quer dizer com “o estado de solidez e fluidez” ou “Modernidade Líquida?”. O que é ser leve e Líquido? Segundo o autor a solidez são estruturas sólidas que tendem a permanecer por longos anos e que no decorrer dos tempos não cabem nos espaços sociais e que requer a fluidez para que se ocupe novo espaço. A meu ver todas estas colocações são para nos chamar atenção para o modo de vida que estamos vivendo neste contexto histórico de século XXI; e que em séculos passados foram idealizados e estruturados como forma educativa para nós.
Digo isto, porque ao nascermos somos encharcados de valores que muitas vezes são impostos pelos nossos pais, porque assim foi ensinado para eles que deveriam escolher o que de melhor fosse para seus filhos, fazendo assim sermos pessoas condicionadas, tornando-nos sujeitos sempre obedientes a alguém que demonstra ser mais poderoso do que nós como professores, pastor de igreja, padres, etc., onde não devemos questionar nada, não agir diante de tais pessoas para expressar nossas vontades, ou seja, agir dentro do que chamamos de liberdade, fazendo-nos pessoas sem ações e como vacas de presépio e sempre de cabeça baixa.
Ao invés de perguntar, o porque de tudo, sermos como crianças que em sua inocência, mas curiosa são verdadeiras filosofas, , porque elas estão descobrindo o mundo a sua volta, então porque não aprendemos com elas? Pensando assim, podemos construir nosso próprio modelo de vida já que somos pessoas distintas. Um exemplo ruim foi à atitude da Tereza, personagem do Filme, que ao invés de tentar ser ela mesma, ou seja, procurar “conhecer-te a si mesma” como dizia Platão, para saber se realmente imitar o Tomás seria a coisa certa a fazer, percebeu que foi agredida por sua própria atitude impensada.
Porém percebi que a vida que o Tomás leva era também uma agressão com seu próprio fardo, ele se via as voltas com suas insatisfações pessoais; olha só sendo um médico bem conceituado como tal, era para estar satisfeito, feliz, com a vida, porém, a situação política que seu país passava o preocupava e pressionados pelo comunismo sentira a necessidade de se afastarem da realidade que estavam vivendo, refugiando-se no campo e ali se encontrara com a tão sonhada felicidade.
Refletindo por este prisma professor, compreendi que na atualidade estamos vivendo um período denominado de pós-modernidade que constantemente estamos pressionados, atropelados com a velocidade urbana impostos pelo capitalismo que nos fazem homens mortos vivos, não sendo capazes de discerni que somos seres humanos e que necessitamos viver em comunidade socializando, compartilhando nossas ações humanas uns com os outros e não vivermos como máquina, sem o calor humano tão necessário que acabou em nossos relacionamentos, um exemplo, é em nosso cotidiano do trabalho onde passamos horas e horas e até mesmo anos juntos com colegas e não sabemos o que se passa na vida de ambos, a competição do dia a dia não deixa fraternos.
O autor nos propõe o não conformismo com esta situação, com tanta solidez, que sejamos flexíveis, que reflitamos as nossas atitudes, pois não somos como Moldura, quer dizer, que nos deixa inertes séculos e séculos sem mudança nenhuma, isto favorece a uma minoria de pessoas, excluindo a maioria.
Outro exemplo é quando ele descreve com muita propriedade a comunidade dos sonhos do arquiteto inglês estabelecido na África que desde então ele fala dos condomínios fechados com proteção de cerca elétrica, que hoje é muito comum em nosso meio com propagandas sugestivas em que, só quem mora nestes ambientes são pessoas de prestígio, sem esclarecer que são pessoas abastadas que não se explicam de onde vêm sua riqueza, deixando assim uma margem de suspeita, do porque de tanta fuga de uma situação de medo dos seus próprios semelhantes, tachando-os de pessoas estranhas e que podem os fazer mal, quer dizer, será que não estão querendo nos dizer que suas posses foram surrupiadas através de algo ilícito que deixou a maioria da população sem seus direitos básicos.
Veja só neste modelo de vida que estamos vivendo denominado de Pós-Modernidade, vê se claramente que houve uma inversão de valores estruturais da sociedade, quando o autor coloca a situação de escravidão, mão-de-obra utilizada no período da História do Brasil Colonial, em que os Africanos eram usados como mercadoria e eram vendidos em praça pública, hoje a escravidão se dá forma diferente, as correntes perderam sua funcionalidade (isso era concreto), para ser massificada na mídia que nós temos liberdade de fazer o que quiser, será?, olha só que situação, não estamos vivendo uma verdadeira crise, de identidade financeira com exercito de pessoas excluída de seus trabalhos que há bem pouco tempo achavam que nunca iriam se ver como indigentes, isso não é ser escravo do sistema perverso que estamos inserido? Outra situação é em relação o que acarreta as famílias dessas pessoas, verdadeiras situação de miséria levando-os aos mais diversos tipos de comportamento. Mas quero ressaltar uma situação preocupante de escravidão virtual que para mim é aviltante quando escancaradamente vemos propagandas na TV, no Rádio, panfletagem e até propaganda volante nas ruas de empréstimos facilitados a servidores públicos e aposentados e que caso o cidadão não atentar direito, cai numa situação de escravismo financeiro, com juros altíssimos difícil de sair, e que não deixa de ser ações de agiotas legalizados, onde no final se não for pago somos punidos com o jargão a culpa é sua, oferecemos a você o dinheiro, você tinha a liberdade de pegar ou não, se vire.
Outra situação é se caso tenhamos que cancelar uma conta telefônica, uma conta bancária, um cartão de crédito, professor te dou um chocolate se conseguir fazer isso sem dor de cabeça, pois os caras são especialistas na oratória do convencimento de que o cancelamento é a pior escolha que agente faz, quer dizer, quanto mais pessoas acorrentadas, melhor para eles. Suas metas não podem falhar, eles não podem perder em nada, tudo que acontecer de errado o prejuízo é seu e nunca do capitalista que suga seus parceiros de trabalho, dos governantes corruptos que fazem as guerras. E quando vi no Filme do Pink Floud, que assistimos em sala, onde os soldadinhos enfileirados caem na máquina transformando-se em carne moída, senti uma impotência humana, diante de tais atrocidades.
Vale ressaltar que estamos na Era Tecnológica e eu a classifico como ótima se bem utilizada, ou seja, o homem como mediador da máquina e não a máquina substituindo o homem em tudo. O capitalismo lançou mão dela para enquadrar e não para humanizar, vejamos aqui em Rondonópolis a mídia propaga que é a Capital do Agronegócio, quantas pessoas perderam seus empregos que era manual e que foi substituído pela a máquina e ainda são rotulados pelo grande empreendedor que a culpa foi do trabalhador que não se qualificou, não acompanhou a tecnologia, mas ele também não fez nada para qualificar este trabalhador que já estava vendendo a sua mão-de obra e que por sinal muito mal paga.
Agora pensa numa realidade em que tudo é descartável, desde os produtos importados do Paraguai, aos mais variados objetos considerados de marca, como eletrodomésticos, computadores que tem vida útil muito curta para que possamos consumir mais, em que tudo tem que ser leve, roupas soltas, celular, nada pode ser preso, o homem tem que agir livre , vivemos a competição da instantaneiadade de consumo e mudanças rápidas.
Concluindo, mediante tudo isso temos que fazer como os personagens do filme , que saíram da suas condições de mortos vivos, para repensar suas vidas, procurando viver de forma mais simples sem a intromissão dos outros, porém, temos que estar ligados nas mudanças de comportamento do homem, para que possamos estar sempre derretendo nossas geleiras, quebrar os padrões impostos, dizendo não ao que nos destroem, também dizer não aos sim, que insistem em se fazer de bonzinhos só para impor suas garras.
Colaboração - Odemar Leotti.

A CRISE DA MODERNIDADE, A EDUCAÇÃO E O ENSINO DE HISTÓRIA - ODEMAR LEOTTI

A cada dia que passa vemos agravar um tipo de crise que se alastra nos domínios do espaço cotidiano da educação. Essa crise compõe-se de vários sintomas que vai da violência que ronda o espaço escolar e a apatia que vemos cristalizar nos depoimentos dos protagonistas pertencentes ao meio educacional. Por outro lado assistimos às mais variadas formas tomadas pelas ações que tentam aplacar os efeitos que se tornam ameaçadores à manutenção do funcionamento escolar. Especificamente ao tratarmos do ensino de história, a situação começa a delinear um sinal de que esta disciplina enfrenta uma crise que aparece nos reclamos dos profissionais de história quanto à apatia dos alunos com relação ao seu ensino. A questão que esse artigo pretende problematizar é sobre as formas com que se tenta superar o problema existente no campo do ensino de História.
Presas que estão, em sua maior parte, ao modelo metanarrativo que vai do dispositivo emancipativo (Idealismo alemão, Hegel) ao dispositivo especulativo (Iluminismo, Kant, Marx), as tentativas de solução da crise do ensino de história, ligadas a uma teoria crítica que no máximo avança até o modelo de alguns teóricos da chamada “Teoria Crítica”, pertencentes à Escola de Frankfurt. Ao limitar-se a discutir a crise da razão sem romper com essa forma iluminista, ficam impotentes perante a obsolescência desse tipo de intervenções. Presos que estão ao discurso humanístico-liberal submetem-se à necessidade de formação do espírito, do sujeito racional que alcançaria sua libertação nos fins últimos. Ao testemunhar a corrosão dos dispositivos modernos de explicação da ciência, o modelo moderno de educação passa, segundo expressão de Lyotard, por uma deslegitimação.

Assim sendo, a atividade científica deixa de ser aquela práxis que, segundo a avaliação humanístico-liberal, especulativa, investia a formação do ‘espírito’, do ‘sujeito razoável’, da ‘pessoa humana’ e até mesmo da ‘humanidade’. Com ela, o que vem se impondo é a concepção da ciência como tecnologia intelectual, ou seja, como valor de troca e, por isso mesmo, desvinculada do produtor (cientista) e do consumidor. Uma prática submetida ao capital e ao Estado, atuando como essa particular mercadoria chamada força de produção. BARBOSA (1985)

As tentativas de solução dos problemas do ensino de história, quando fundados a partir desses próprios dispositivos, não conseguem dar uma resposta efetiva à crise por que passa em seu cotidiano. Incluir uma outra perspectiva nesse tipo de problematização seria explicável entendendo como pós-modernidade: a leitura que coloca em questão os elementos estratégicos que “a ciência moderna teve que recorrer para legitimar-se como saber, ou seja: dialética do espírito, emancipação do sujeito razoável ou do trabalhador, crescimento da riqueza e outros” (ibid. p. VIII). Para Lyotard, e é nisso que alinharemos o entendimento do que seria para nós a crítica pós-moderna, “o pós-moderno, enquanto condição da cultura nesta era, caracteriza-se exatamente pela incredulidade perante o metadiscurso filosófico-metafísico, com suas pretensões atemporais e universalizantes.” BARBOSA, (1985, p. VIII). O que justifica esse estudo para além dos paradigmas modernos é a raridade de análises a partir de uma leitura de autores pós-modernos. Portanto seria importante estarmos contribuindo por um novo tipo de discussão em nosso meio acadêmico, como forma de proporcionar-lhes um novo espaço de debate.
Foto: www://br.geocities.com/comunavirtual2/garoto.jpg