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terça-feira, maio 29, 2012

COMO NOS TORNAMOS O QUE SOMOS? Emprestado à sanha de outra natureza o homem inventa um outro de sua impulsão desterrada. Procura por si e não encontra, procura pela amada e ela não mais vem. E tudo já está em estado de fabricação. A necessidade usurpada pelo monstrengo que ele mesmo criou e o desejo agora deslocado de sua função não foram reprimidos mas sim alocados pelo monstrengo que ele mesmo inventou. O desejo agora pode ser satisfeito em uma banca de revista: dos quadrinhos tesudos feitos pelo então numa época de raridade desses recursos, por Zéfiro, nosso grande quadrinista, irrigador e demiurgo de nossa alcova solitária onde o outro é de papel. Atualmente já alimenta uma produção capitalista que envolve milhões em dinheiro. Daí surgem bonecas e bonecos de infláveis cada vez mais reais, revistas com belas fotos de belas mulheres com posições sensuais ou mesmo como o grotesco funcionando para produzir uma sexualidade clandestina e solítária: nos deparamos na masturbação esse lugar que se tornou mercadoria. Movimenta bilhões, garante economia e garante política. Gera empregos: masturbar é algo irreversível agora. Deus que sempre foi onisciente já previa isso e deu aos seres dez dedos em forma de garra e daí tudo se resolve para a produção do monstrengo por nós inventado. Os dedos, esses pontos extremos dos braços inventou a escrita, mas já existia uma estética que a produzia ou mesmo produzia os domínios de sua fabricação. Da escrita produzida por esse alongamento veio toda a possibilidade de reinventar a vida. Em sua forma moderna inventa um homem que já nasce dissolvido nos domínios de um biopoder. Seu ser não mais falava para si e sim sua produção se torna o mais longe de si e se aloja nessa natureza maior que inventou o homem moderno: a produção de uma economia política esse espírito que se tornou carne e anexou os corpos a uma grande ópera da perdição que roubou os impulsos e os transformou em empuxo e depois de tanto choramingar devolveu-lhes um novo lugar e graças aos dedos das mãos, sustentáculos que garantem uma paz e minimiza os estupros ao tornar o gozo como fruto da fantasia unindo o surrealismo onde a onipotência torna-se prisão e a onisciência escravidão do “sorria que você está sob controle e a onipresença quando o ser como fruto da onisciência divina dá-lhe a vida pela mesma ferrramenta que lhe roubou o trabalho como sua realização. A garra que compõe as mãos possibilitaram ao homem segurar as coisas e fazer daí o uso da natureza de si e do espaço que o circunda o possível da vida e ao mesmo tempo, quando esse espaço é ocupado pela ciência moderna que se inicia com a queda advinda da tentativa matemática de supressão da divindade renascentista e da criação desse fundamento que comanda a superfície das coisas, produz um homem que parece ter sido desenhado na areia do mar onde a primeira onda o desfaz. Esse homem nasceu dissolvido no mesmo modelo de saber que o desfez de suas necessidades e de seus desejos como motor de sua existência. Quando a produção o reinventou como sendo o Homem moderno em busca de sua realização, olhem cada um para si para que saibamos o que nos sobrou. Agora podemos falar sem medo de constrangimento, pois o escândalo não está naquela sujeição a uma situação grotesca do gozo, mas na formda do discurso que inventou essa figura de um sujeito que tem a missão de se emancipar. Ao invés disso acontecer, eis que esse Homem é flagrado mandando uma olhando a revista nova. Os múltiplos homens somos nós que nos encontramos aqui dividindo nossas misérias na internet. Aí nos perguntamos: como nos tornamos o que somos? Ao invés de fazermos como Jesus na cruz ao perguntar em seu martírio: “Deus onde está que não responde? Passamos a perguntar pela criatura que nasceu da morte de Deus ou seja pela supressão do saber divino pelo pensamento moderno nos perguntamos: o meu ser porque me abandonastes? O que fizemos de nós mesmos? O que estamos fazendo com os outros, com nossas crianças, com nossa juventude com o que fizeram de nós mesmos?

2 Comentários:

  • dema seu texto ér meuito profundo como seu pensamento (vc está saindo um excelente ensaísta); pena que seus textos não atijam os "corações e as mentes" da maioria das pessoas pois vc dentro de sua sapiensia nos convida uma refelaxão profunda de para onde está caminhando a Humanidade deste alvorecer de século só que para as pessoas este tipo de reflexão está "Para além" de suas medíocres vidas mas avalio que vc deve continuar com suas "Marteldas nesta moral" do nosso Ocidente lembrando que como Nietzsche vc escreve para um povo que ainda não veio.Parabéns por tomar a iniciativa deste debate tão relevante para todos nós (humanos).

    Por Anonymous Getulio Jr., às 7:53 AM  

  • Amigo Odemar...
    Obrigada pelo presente,logo de manhã...sensacional...li ,por enquanto pouco...mas ,sua maneira de escrever é tão envolvente,que hoje só vai dar vc...
    Quem quiser me achar:aqui...rsrsrs
    beijos e parabéns eternos

    Por Blogger Yaya, às 3:51 AM  

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