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terça-feira, maio 09, 2006

A CRISE DA MODERNIDADE, A EDUCAÇÃO E O ENSINO DE HISTÓRIA - ODEMAR LEOTTI

A cada dia que passa vemos agravar um tipo de crise que se alastra nos domínios do espaço cotidiano da educação. Essa crise compõe-se de vários sintomas que vai da violência que ronda o espaço escolar e a apatia que vemos cristalizar nos depoimentos dos protagonistas pertencentes ao meio educacional. Por outro lado assistimos às mais variadas formas tomadas pelas ações que tentam aplacar os efeitos que se tornam ameaçadores à manutenção do funcionamento escolar. Especificamente ao tratarmos do ensino de história, a situação começa a delinear um sinal de que esta disciplina enfrenta uma crise que aparece nos reclamos dos profissionais de história quanto à apatia dos alunos com relação ao seu ensino. A questão que esse artigo pretende problematizar é sobre as formas com que se tenta superar o problema existente no campo do ensino de História.
Presas que estão, em sua maior parte, ao modelo metanarrativo que vai do dispositivo emancipativo (Idealismo alemão, Hegel) ao dispositivo especulativo (Iluminismo, Kant, Marx), as tentativas de solução da crise do ensino de história, ligadas a uma teoria crítica que no máximo avança até o modelo de alguns teóricos da chamada “Teoria Crítica”, pertencentes à Escola de Frankfurt. Ao limitar-se a discutir a crise da razão sem romper com essa forma iluminista, ficam impotentes perante a obsolescência desse tipo de intervenções. Presos que estão ao discurso humanístico-liberal submetem-se à necessidade de formação do espírito, do sujeito racional que alcançaria sua libertação nos fins últimos. Ao testemunhar a corrosão dos dispositivos modernos de explicação da ciência, o modelo moderno de educação passa, segundo expressão de Lyotard, por uma deslegitimação.

Assim sendo, a atividade científica deixa de ser aquela práxis que, segundo a avaliação humanístico-liberal, especulativa, investia a formação do ‘espírito’, do ‘sujeito razoável’, da ‘pessoa humana’ e até mesmo da ‘humanidade’. Com ela, o que vem se impondo é a concepção da ciência como tecnologia intelectual, ou seja, como valor de troca e, por isso mesmo, desvinculada do produtor (cientista) e do consumidor. Uma prática submetida ao capital e ao Estado, atuando como essa particular mercadoria chamada força de produção. BARBOSA (1985)

As tentativas de solução dos problemas do ensino de história, quando fundados a partir desses próprios dispositivos, não conseguem dar uma resposta efetiva à crise por que passa em seu cotidiano. Incluir uma outra perspectiva nesse tipo de problematização seria explicável entendendo como pós-modernidade: a leitura que coloca em questão os elementos estratégicos que “a ciência moderna teve que recorrer para legitimar-se como saber, ou seja: dialética do espírito, emancipação do sujeito razoável ou do trabalhador, crescimento da riqueza e outros” (ibid. p. VIII). Para Lyotard, e é nisso que alinharemos o entendimento do que seria para nós a crítica pós-moderna, “o pós-moderno, enquanto condição da cultura nesta era, caracteriza-se exatamente pela incredulidade perante o metadiscurso filosófico-metafísico, com suas pretensões atemporais e universalizantes.” BARBOSA, (1985, p. VIII). O que justifica esse estudo para além dos paradigmas modernos é a raridade de análises a partir de uma leitura de autores pós-modernos. Portanto seria importante estarmos contribuindo por um novo tipo de discussão em nosso meio acadêmico, como forma de proporcionar-lhes um novo espaço de debate.
Foto: www://br.geocities.com/comunavirtual2/garoto.jpg

1 Comentários:

  • professor é necessario o espaço para o debate.seria interessante para a semana da História (com essa crise sabe lá quanto tempo vai durar isso:"semana"....)falas sobre esse assunto para a comunidade. Parabns. Prof. Rosana

    Por Blogger Raphael Dourado, às 11:52 AM  

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