DOS PÉS À CABEÇA: DA TERRA À SUA NEGAÇÃO.
Porém temos outra história que precisa ser contada filho. Há muitos anos, ou seja, há quinhentos anos mais ou menos antes do calendário inventado como sendo o cristão, houve uma grande ruptura na nossa forma de pensar a vida. Foi nesse instante que sofremos um deslocamento dos conceitos de vida: saímos do instante maravilhoso do eterno retorno e do refazer do novo para um tempo da postergação. O que era a eternidade do instante passou a ser considerado como de acumulação. A eternidade passou a ter um preço. O preço seria sua negação. Negar o instante maravilhoso onde a vida se refaz era a maneira de alcançarmos uma essência que estava oculta. A partir daí uma verdade estabelecia as condições de sermos sujeitos nessa vida. Portanto fomos dos pés para a cabeça. O lugar onde os pés sempre estiveram foi considerado como do erro e que deveria ser esquecido e que dele deveríamos tomar a maior distância possível. Passamos a viver uma história que nos tornava animais da promessa. Nossa vida deixava de ser a do instante maravilhoso dos fluxos e passaríamos a viver negando seus impulsos para podermos alcançar uma purificação e buscarmos a partir daí o mundo eterno, onde não precisaria mais haver a ecologia que falamos anteriormente. Por falar nisso você notou que Noé não levava os insetos em sua arca? É porque o mundo prometido desse pensamento não ia mais precisar deles, pois a eternidade do instante que precisava deles foi sendo deixada de lado. A vida agora era de negar nossos impulsos, pois a austeridade seria a forma de aproximarmos cada vez mais da vida: em suma, negar a vida do agora era a única forma de adquirirmos uma vida que sempre nos foi postergada. Entramos então numa filosofia da história. A vida agora aparecia de forma que todas as experiências do mundo fossem inimigas da busca da perfeição, pois eram consideradas como fruto de erros, de superstição. O mundo da opinião era considerado como da degeneração humana e do mundo. O homem virou um ser escravo de uma forma de saber que negava seu maior potencial que é a energia que recebe e que transforma em coisas alegres, gostosas como cantar, gritar, comer, fazer sexo e com isso ir refazendo a vida como era antes. Lembra do começo da explicação? Depois conto mais. Inté.
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