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domingo, novembro 25, 2007

VERDADES? - Odemar Leotti

Que mecanismos produzem uma linguagem ao mesmo tempo soberana e discreta? Quando falamos de linguagem e discrição do que estaríamos falando? Não seria esses dois funcionamentos que produzem efeitos de poder por sua modalidade inventora, por positivações, de subjetividades? Eis o que me causa espanto. Para Foucault, as palavras tornam-se soberanas por “receberem a tarefa e o poder de ‘representar o pensamento’”. Mas representar sofre aqui um deslocamento do sentido de tradução para fabricação de “um duplo material que possa, na vertente externa do corpo, reproduzir o pensamento em sua exatidão”. Com linguagem clássica o valor absoluto das coisas passa no século XVII a somente ter sentido dentro de um sistema geral. As formas absolutas das existências singulares passam a somente ter existência como dados a serem conectadas a uma totalidade sufocante. Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber que: “o mundo não se abre com facas... Desaprender oito horas por dia ensina os princípios...” (Manoel de Barros-O livro das ignorãças).
As verdades se esgotam em si mesmas, em suas inexistências emergidas por sonambulismos. As coisas vão re-existindo-se, lambendo-se as feridas deixadas por sentido que se bastam em seus limites e aniquilam a experiência implantada perversamente que devoram a terra e faz do mundo um espaço da servidão a uma soberania discreta.

Foto: www.arrastao.weblog.com.pt/cerebro.JPG

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