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sexta-feira, agosto 04, 2006

UMA HOMENAGEM A ARTAUD - Odemar Leotti.

As “falas” do Professor Odemar convidando e agradecendo ao Professor Universitário, Produtor Cultural, Ator, Poeta...Gilberto Shmutz Gouma em relação a nosso Blog, e a solicitação do mesmo para “trocar idéias” sobre Artaud mostra toda a satisfação do mestre Odemar em partilhar seus conhecimentos.Vejamos:

PODER E ESCRITA: As formas como poder e vida. Uma homenagem a Artaud.

Gilberto, fiquei muito feliz com sua aparição. Fico esperando aparecer em meu e-mail alguma pulsação conectada com a minha. A vida da forma que tento entendê-la é uma grande Ágora dispersa pelo mundo e que a Net deu espaço para se materializar. Eu estou escrevendo isto a partir de alguns textos interessantes de Artaud quando ele nos informa que devemos extrair da cultura o que ela tem de ‘fome’. Não seria a ‘fome da alma e do corpo que se proliferou no mundo a partir da separação entre pensamento e vida? Quanto a isto volto a leituras anteriores e ao prefácio de Artaud de seu "O TEATRO E SEUS DUPLOS". Foi neste texto que inspirei - me para escrever sobre cultura brasileira, o qual, será usado em um curso que estou ministrando – Biblioteconomia, UFMT de Rondonópolis – MT. Onde sou prof. efetivo desde 2004. As leituras anteriores foram de Michel Foucault, e foi daí que saiu a vontade de conhecer textos de Artaud, pois Foucault falava nele várias vezes. Depois lendo a obra de Jean Pierre Vernant, pude entender o que Foucault tenta nos esclarecer sobre a angústia de Nietzsche quando escreve sua Genealogia da Moral. Devemos buscar uma genealogia do saber ocidental, mas não para entender a objetividade, mas para buscar nas formas da linguagem o lócus de poder. Ele nos mostra como em 1400 anos a.C o domínio da escrita era privativo do Palácio, e seu exercício era privilégio dos Escribas. Da privatização da escrita resultava a privatização do poder, entendendo que escrita é poder. A partir de 800 a.C o poder passa a ser democratizado, pois o ANAX texto que angariava poder para o soberano foi sendo deixado de lado e foi-se construindo uma outra escrita das mãos do demos, e assim a escrita deixa de ser privada e a serviço do Palácio, e passa a ser de domínio público. Daí em diante as casas se organizavam em torno da praça, a ÁGORA, e não mais em torno do Palácio, e a muralha não mais era em torno do Palácio, e sim em volta da Pólis. Assim a política está inaugurada com a escrita sendo de domínio público e o poder como conseqüência um domínio público. Com a crise da Pólis grega emerge a figura dos filósofos e inaugura o ideal ascético, com ele a exclusão da escrita como a essência humana e torna-se mera aparência constituindo o saber puro, ideal, original, essencial fora da praça. O domínio público foi exilado junto com o poder da linguagem. E agora meu amigo a sua mensagem deu-me este alento de estarmos pensando a partir dos textos de Artaud, como extrair da cultura o que ela tem de ‘fome’. Abraços do Odemar. Espero resposta em breve. meu e-mail é: odemarleotti@bol.com.br e o blog onde colocamos nossas idéias é http://www.deferenti.blogspot.com/ gostaríamos que participasse desse nosso espaço.

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