.

segunda-feira, novembro 05, 2007

ESCREVENDO COM OS RECOLHIMENTOS SONOROS DO MANÉ DE BARROS - Odemar Leotti

Voar fora da asa, chover no futuro, molhar o que não se podia, molhar meu conforto, buscar uma rolha pra fechar o céu, dar passos leves ou canoar ligeiro na enchente, viver no meio dessas águas que não tem lado de lá, só o céu e água o dia inteiro. Dias e mais dias ficou isso na vida de um canoeiro. Cagada de urubu me faz pensar fora da chuva, ou ver as árvores por cima, já é algum consolo que aumente a estima toda molhada por dentro e por fora. Ver o pacu virando pássaro e comendo carandá nas copas da mata.
O nome me nasceu junto com a unha, pois na hora do sacramento só o principal da festa não entende nada. Mas meu vulto é seu adejunto, pois o mundo não respeita sacramentos e vai enfiando o dedo aonde não é chamado. Vira cabo adjunto e lá se vai os nomes e só fica as unhas que não para de crescer e ficar com pretume denunciador. E não falta olho pra nos mandar cortar ou limpar. Não esquecemos nossa origem, pois não fui fabricado em pé, diz o Mané, que assim falou o Apuleio, que se tornou o passado obscuro dessas águas...

Foto: www.lippin.files.wordpress.com/2007/06/formiga.jpg

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home